Acaso é o novo álbum de Dela Marmy, produzido por João Correia (Tape Junk) e estará disponível nas plataformas digitais e em vinil. Videoclipe no Youtube, da canção “Espanta-me”, do realizador cabo-verdiano Nuno Miranda. “Foi a partir de um lugar de paixão, desejo e amor, onde o superficial não tem qualquer lugar, que começou a escrita do que viria a ser o meu primeiro álbum. Apercebi-me de que estava perante um momento inequívoco de mudança/viragem artística assim que esbocei a primeira canção em português. Com ela vi-me ocupada, completamente tomada por uma avalanche de sentimentos, pensamentos e referências – até ali mantidos em silêncio – que gritavam para ser escritos e entendidos. Eu, firme e ávida, desejava só mergulhar profundamente no novo lugar que acabava de emergir e agarrar com todas as forças esse acaso, essa rota desconhecida, sem qualquer receio do que estaria do lado de lá, no seu futuro. Só me importava atravessar. Neste contexto, sucederam-se os dias e a correspondência, em cartas, com um amor-muso sud-americano, que viria a tornar-se a semente motriz deste álbum. Alguns meses mais tarde, o disco, que o acaso fez mudar de direcção, ganhara a forma de nove cartas-canções: a única via possível de lhe dar a conhecer e a saber o que me ocupava o corpo, o peito, a vida. Escrevi-lhe sobre amores e desamores, sobre dor e morte, sobre flutuação do pensamento, procura e movimento, sobre a ousadia e a esperança de contrariar as linhas planeadas da vida, sobre os dias em que sorrimos ao sol ou as noites escuras que são igualmente tristes e luminosas, sobre mergulhar profundamente o corpo na água e trazê-lo mais fresco ao regressar à superfície. Escrevi-lhe de uma forma que jamais até aqui tinha feito. E assim falámos um com o outro de olhos geminados, falámos um do outro e do mundo através de nós mesmos, falámos, escrevemos, cantámos, porém nunca nos encontrámos, na realidade. Tentei dizer-lhe que o amor pode sempre salvar, mas creio não ter chegado a tempo. Fecho os olhos e estas canções são hoje inteiramente uma parte do que sou, ou tudo o que fui no momento em que as criei, nas suas diferentes nuances, estou completamente implicada, não há separação entre a canção e quem a cria. São força, são dor, são leveza, são pesar, são amor, são esperança, são ambiguidade e são também clarividência. Por fim, tive a sorte de encontrar o Joca durante este longo processo criativo, produtor que tão bem entendeu o que eu procurava, com todo o desejo, dizer.” ENG Acaso is Dela Marmy's new album, produced by João Correia (Tape Junk) and will be available on digital platforms and vinyl. Music video on Youtube, of the song "Espanta-me", by Cape Verdean director Nuno Miranda. “It was from a place of passion, desire and love, where the superficial has no place, that the writing of what would become my first album began. I realised that I was facing an unmistakable moment of artistic change/turning point as soon as I wrote the first song in Portuguese. With it I found myself occupied, completely taken by an avalanche of feelings, thoughts and references – until then kept silent – that screamed to be written and understood. I, firm and eager, just wanted to dive deep into the new place that had just emerged and grasp with all my strength this chance, this unknown route, without any fear of what would be on the other side, in its future. All I cared about was crossing. In this context, the days followed and the correspondence, in letters, with a Sud-American love-muse, which would become the driving seed of this album. A few months later, the album, which was changed direction by chance, had taken the form of nine letter-songs: the only possible way to make it known and to know what occupied my body, my chest, my life. I wrote to him about loves and dislikes, about pain and death, about floating thought, searching and moving, about daring and hoping to go against the planned lines of life, about the days when we smile in the sun or the dark nights that are just as sad and bright, about diving the body deep into the water and bringing it fresher when it returns to the surface. I wrote to him in a way I had never done before. And so we talked to each other with twinned eyes, we talked about each other and the world through ourselves, we talked, we wrote, we sang, but we never really met. I tried to tell him that love can always save, but I don't think it came in time. I close my eyes and these songs are now entirely a part of who I am, or everything I was at the time I created them, in their different nuances, I am completely involved, there is no separation between the song and the one who creates it. They are strength, they are pain, they are lightness, they are grief, they are love, they are hope, they are ambiguity and they are also clairvoyance. Finally, I was lucky enough to meet Joca during this long creative process, a producer who understood so well what I was trying to say.”